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COW PARADE E BIENAL B

A Bienal B já pipoca suas primeiras exposições.

Para quem não sabe, a Bienal B começou como uma série de exposições locais paralelas e em diálogo com a diversidade internacional da Bienal do Mercosul, casualmente num ano em que esta última não tinha nenhum artista local representante.

Polêmicas bairristas à parte, a Bienal B aconteceu com muito sucesso e profundas repercurssões em todo o circuito artístico, se consolidou e se descolou como evento independente e movimento da comunidade artística local, com suas diversas exposições acontecendo simultaneamente, espalhadas pela cidade, em todas suas 3 edições ocupando mais de 20 espaços, entre galerias formais e instituindo novos espaços expositivos em contextos alternativos. Movimenta, em cada uma de suas temporadas, um número expressivo oscilante entre 200 a 300 artistas locais, com participações nacionais e estrangeiras em diálogo com os artistas regionais, sem falar de todas as pessoas envolvidas nos espaços em que ela acontece, equipes de trabalho e finalmente, um grande e variado público que se depara com toda esta produção artística.

Assim como a COW PARADE, a Bienal B, se espalha pela cidade, mas ao contrário das vacas, não recebe dinheiro de ninguém e bem menos mídia.

Apesar disso a Bienal B arregaça as mangas e sobrevive de corajosos artistas que tiram de si mesmos mais que vontade e arte, mas dinheiro, pra produzir divulgação e confraternização.

Por um lado, vejo estas vacas espalhadas por ai e "santificadas" pela mídia como arte... peraí! Tá mais pra publicidade, propaganda, design e, lá no fundinho, sim, até tem arte, afinal, existem artistas plásticos participando - talvez até para justificar o valor de arte ao evento, mas a grande maioria destas vacas, pra mim, cumpre um papel muito mais estético, no sentido de marketing, do que artístico ou cultural. Não que estética seja algo menor, pelo contrário, acho interessante e divertido, tem um lugar importante na educação artística básica do público, mas convenhamos, que a arte em si fica bem restrita, a começar que tem que ter cara de vaca ou estar associado à uma...

Já na Bienal B é bem ao contrário...

A começar que não tem "tema" e sim tem artistas escolhidos por uma comissão qualificada que seleciona questões que realmente sejam capazes de mostrar ao público uma unidade artística original, um conceito poético, e bem menos comprometidos com estética pela estética. Cada exposição da Bienal B é uma proposta criada pelos próprios artistas que a compõe, levando em consideração um diálogo de idéias, mesmo que internamente sejam livres para criar cada um o seu trabalho - o que é extremente saudável e diferencial.

Na Bienal B, mais do que decoração ou uma boa piada, a criação requer alma e uma linguagem diferente, sem tantos trocadilhos, que às vezes não combina com o tapete ou o sofá, mas conversa com o público sobre o mundo que vivemos de uma forma sensível, que vem do coração...

Observem a diferença e vejam quanta riqueza surge nessa legítima proposta de ação cultural que é a Bienal B ao se comparar com este fruto de indústria cultural que é a Cow Parade com direito à vaca da Zero Hora, vaca da MUMU ou vaca da Coca Cola, entre outras estratégias publicitárias.

Não tenho nada contra a Cow Parade, tomo Coca Cola, adoro leite e derivados, o jornal que leio é a Zero Hora e fico feliz por meus amigos que participaram e ganharam visibilidade.

Minha questão é com a falta de atenção a um movimento artístico de verdade e que não é de ontem .

Me incomoda muito que o público esteja sendo bombardeado com um produto artístico industrializado sem que tenha oportunidade de optar, por falta de conhecimento, por uma ação cultural tão ou mais artística que efetivamente contribui para o fomento poético da sociedade justamente por não ter como competir sem o apoio da mídia ou do empresariado para se divulgar. E lá vai a vaca por lebre...

A Bienal B está em sua terceira edição e já foi premiada pelo Açorianos de Artes Visuais. Apesar disso e mesmo tendo conseguido apoio da Lei de Incentivo Cultural RUANET em duas edições, nunca conseguiu captar NADA, embora não seja por falta de bater nas portas de todas as instituições e grandes empresários regionais que você possa imaginar...já teve até captadores profissionais com o projeto debaixo do braço, mas acaba sempre levando chá de banco ou o que é pior, promessas até o último instante que teriam a força de uma maldosa sabotagem, se não fosse a força de vontade de Isabel de Castro, articuladora à frente do projeto, de sua equipe – da qual não faço mais parte, mas sempre ajudo, e do apoio que recebe dos artistas que seguem resistindo idealistas Claro que a Bienal B iria adorar receber apoio e teria imenso prazer em compartilhar tão importante responsabilidade social, mas enfim... nasceu sabendo que levaria muita porta na cara de gente cega e não sou eu que vou chorar leite derramado...

Por tudo isso tenho orgulho por cada um que participa da Bienal B e faço desse árduo contexto mais um motivo para que vc tenha vontade de conhece-la e ver de perto estas múltiplas exposições destes artistas tão qualificados, raçudos e exemplares que fazem esse mega evento acontecer a partir de esforço próprio e fé de que é importante que pessoas afim como você tenham acesso à ARTE.

Assim, acreditando que você seja uma pessoa sensível por ser leitor/a do NONADA, lhe convido a exercitar sua sensibilidade e deixá-la à flor da pele...e bem sabemos como isso pode ser bom... A Bienal B está abrindo suas portas e lhe convido a visitar suas exposições, no mínimo por apoio e torcida à tantos esforços reunidos. Alguma estará perto de você:

Agência de Leilões de POA, Aliança Francesa, Arquivo Público do Estado , Arte&Fato , Artemim , Assembléia Legislativ, At. Linhas de Trabalho, Atelier 512, Atelier Ferro e Fogo, Atelier Livre (Esp. Altern.) , Casa dos Bancários, CCMQ , Delphus, DMAE, Espaço NT, Estação Rodoviária, FACED , Galeria Gravura, Galeria Paulo Capelari, Grêmio Náutico União, IAB, Letras & Cia Livraria Café, Museu Júlio de Castilhos , Nieto, Parque Farroupilha – Recanto Europeu, Sede Águias, Teatro Câmara Túlio Piva, Tribunal de Contas Estado

E garanto que haverá algo que você achará viajante de ficar olhando...

Visite o site e escolha sua/s viagem/ns: www.bionalb.org

e conheça mais: www.tvazul.com.br

Não deixe que a indústria cultural lhe dê apenas a opção de "vaca de presépio", sua sensibilidade merece mais!

Boa Bienal B pra Você!

** Gaby Benedyct, formada em artes pela UFRGS, foi criadora e articuladora da Bienal B em 2007 desligando-se oficialmente do projeto em 2009 ao passar sua Direção Geral e Curatorial para as mãos da artista Isabel de Castro. É editora de uma coluna de artes visuais no site www.artistasgauchos.com.br , tem uma produtora experimental de ações culturais chamada Azul Produtora Galeria e criou a TV AZUL on Line com uma programação de pequenos vídeos voltada exclusivamente aos conteúdos artísticos, onde registra exposições que acontecem em Porto Alegre, performances, entrevistas, agenda e afins.